Porque, além de toda a sensualidade,são uma belíssima alegoria da situação humana da era tecnológica. O visual sintético nos remete poeticamente à exaustão capitalista, ao plástico, ao químico, ao dejeto industrial, à poluição e à hecatombe. Uma espécie de spleen robótico, nihilista e avassalador. A sensualidade violenta como forma de expressão do poder sexual que é dos mais fortes instintos humanos, ainda resistindo à degeneração da ordem natural, ainda pulsando forte por através do vinil e das cores artificiais. O sentido de perversão generalizada (não meramente sexual, mas filosófica) é de alto simbolismo, expressividade e sedução.
Não se tratam de góticos, embora se frequentem e se misturem, pois sabemos que as origens da estética, da atitude e da música industrial são diferentes, tendo havido apenas um encontro das duas tribos e uma miscigenação, um intercâmbio estético e musical, na década passada e presente; muito interessante e prazeroso, diga-se de passagem. Nascendo aí o que musicalmente se chamou gótico-industrial para englobar-se vários estilos musicais semelhantes, altamente mecânicos e com climas, texturas, estética e teor poético altamente sofisticado, hoje apreciados por todos eles. Tal fato faz com que os leigos incluam os RH como subgrupo gótico, o que não é correto, mas em tempos de MTV, mediocridade, burrice poser e massificação total e absoluta na midia, até M. Manson e novos metaleiros viraram góticos! Bastou usar maquiagem e roupas escuras e diferentes p/ entrar no rótulo. Deprimente… Há quem diga também que, enquanto os góticos são uma subcultura, os RH estão mais para contracultura, se o aspecto ideológico fosse levado a sério, como foi, nos seus primórdios (final dos 70s), o que não é o caso. Atualmente tudo gira em torno de expressão e diversão, o que não é ruim. Um outro ponto que sempre gosto de reforçar é que este termo “gótico” é, em essência, tolo, comercial e limitante, mas tenho que usá-lo, para que fique mais claro o assunto a que me refiro, pois já se tornou termo “oficial” e de reconhecimento imediato – pelo menos para aqueles não muito alienados em termos musicais e culturais contemporâneos. Ainda que errôneo, na maioria das vezes!
Por fim, a estética agressiva, decadente, degenerada, mutante, militarista e nazi-fascista não reflete nenhuma ideologia totalitária coerente com o visual, mas apenas ironia e protesto, justamente contra o que visualmente parecem cultivar como ideologia – não deixem que uma análise superficial e deseducada enganar você. O resultado irônico, paradoxal e altamente tentador, é proposital e fetichista. A violência, por sua vez, é meramente conceitual e se justifica no conceito amplo da estética em questão.
Enfim, é prazer muito especial, para aqueles que o entendem e com ele se deleitam.
Aqui em Vancouver, assim como em qualquer outra cidade maior e mais cosmopolita do mundo, nós temos acesso a "subculturas" (manifestações de arte e pensamento alternativas, diferentes do "mainstream", do "pop", que é imposto à maioria das pessoas pela indústria cultural, limitanto seus horizontes estéticos e filosóficos tb) e isso faz toda a diferença. Mesmo a "cena alternativa" aqui sendo relativamente pequena. Mais rivetheas e também algumas fetish girls no vídeo abaixo. (Out/2009)
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