Já falei em "Sobre mim" sobre meu background e os motivos que me levaram a imigrar para o Canadá.
Agora vou resumir aqui os eventos que se sucederam durante tal experiência, num resumo que é mais ou menos o que a maioria das pessoas pode esperar passar caso se resolva pelo mesmo caminho.
1) Conscientização e Decisão: é quando você percebe que precisa viver num outro país pelo fato do seu não lhe oferecer o que você precisa. É um processo lento, longo e precisa ocorrer espontaneamente e de forma consciente, sem idealizações, emoção ou pressões externas. Nem todas as pessoas que consideram imigrar têm condições ou perfil para tal. É muito importante considerar absolutamente todos os aspectos antes da decisão final.
2) O Processo: se dá através do Consulado canadense. Pode demorar muito ou pouco, dependendo do caso e da época. Não custa caro e é relativamente simples. Basta reunir todas as condições, documentos e enviá-los ao Consulado, juntamente com as taxas pagas. Depois, procede-se a exames de fluência em inglês ou francês e médicos. Quanto ás condições necessárias, elas sempre mudam e encontram-se atualizadas no site oficial do consulado canadense no Brasil (em português) ou mesmo do governo canadense (em inglês e francês).
3) Os Preparativos: antes mesmo de receber o visto temos que começar a nos preparar planejando a viagem em si, questões financeiras, profissionais, legais e também as familiares e emocionais. Pode ser assustador perceber que a hora da partida está próxima e nessa fase muitas pessoas pensam em desistir, pois percebem que vão deixar toda uma vida, um universo e pessoas amadas para trás. Importante manter a racionalidade e não se deixar contaminar por emoções confusas, pois de repente parece que o Brasil virou um lugar maravilhoso, onde só existe amor e alegria mas, assim que você desistir de partir, a miragem acaba e tudo volta ao normal. Muito importante são as festas de despedida. Não deixe de dar e receber tais festas e de se despedir "decentemente" de todos que são importantes para você, sejam eles muitos ou poucos.
4) A chegada: para quem já conhece o país é tranquila; para quem não conhece, pode assustar, mas é emocionante em todos os casos. A sensação de alegria e euforia é ótima. Ao entrar você precisa dar um endereço onde irá receber pelo correio o seu cartão de residente permanente (PR card), o seu "passaporte" para uma nova vida.
5) Primeiros passos: arranjar moradia (caso já não tenha), tirar SIN card (número de seguro social) sem o qual você não pode trabalhar ou receber salário. esperar ela chegada do PR card, cadastrar-se no sistema público de saúde (obrigatório), abrir conta em banco e, se necessário, começar a se preparar para tirar sua carteira de habilitação canadense. Depois de resolvidas essas primeiras necessidades básicas, vem a parte mais complexa que é a adaptação ao mercado de trabalho local. A grande maioria vem sem emprego definido e precisa se interar sobre reconhecimento de credenciais (se possíveis e se for o caso) e receber ajuda gratuita em entidades de apoio a novos imigrantes, onde se entende melhor o processo de candidatura a empregos, a etiqueta envolvida nesse processo e os valores do mercado de trabalho, além de novas oportunidades. É uma fase complexa e muitas vezes frustrante - e é muito importante estar preparado para essa dura realidade. A não ser por profissionais altamente qualificados em áreas em demanda internacional (que são muito poucos), a grande maioria dos novos imigrantes tem dificuldades para se colocar de forma satisfatória.
6) Adaptação: fora todos esses aspectos práticos, há muitos outros desafios, culturais, emocionais, etc a serem vencidos. Muitos deles são fáceis para pessoas adaptáveis e com uma mentalidade mais cosmopolita. Para aquelas mais ligadas ou dependentes da cultura e dos valores brasileiros ou de família e amigos que ficaram para trás, o processo pode ser doloroso. No meu caso, posso dizer que foi rápida e fácil. Meu único momento de dificuldade e até mesmo desespero foi quanto à conquista do primeiro emprego, dificultada pela crise internacional de 2009 - ano em que cheguei aqui. Mas mesmo isso se resolveu quando mantive a calma e a perseverança. Espero e acredito que a situação nunca mais vá ficar tão ruim quanto então.
7) Grito de vitória: depois que você passou por tudo isso e se encontrar aqui, como um residente permanente, integrado a um novo estilo de vida e usufruindo de todas as vantagens advindas do dia-a-dia num país civilizado, livre, justo, pacífico, lindíssimo (apesar de frio), agradável e acolhedor, grite, pule, comemore. SEJA FELIZ!
