Primeiro, o banzo. Ele geralmente vem dos que já foram deslumbrados, e é uma coisa bem deprimente de se ver. É um tal de micro-desabafos sobre coisas bobas, como saudade da comidinha da mamãe ou até mesmo lixos como hot dog de carrinho de rua (coisa que aqui também tem, e é mil vezes melhor) que demonstram uma carência na verdade não gastronômica, mas de família, amizade e da cultura brasileira - especialmente em seu aspecto interpessoal, que eu até entendo. Geralmente quem faz isso são as noivas importadas e aspirantes (que costumam ter o hábito de esconder muitas coisas - principalmente delas mesmas). Homens são poucos, e já são mais diretos e agressivos em suas críticas - o que eu acho melhor. Pelo menos, gera mais auto-consciência e ação. Já vi uns indo embora praguejando. E estão certos, se é o que sentem.
Depois, os deslumbrados. Ah, como dão vergonha na gente... geralmente são pessoas de mentalidade simples (embora educadas), e bem "colonizadas". Acham o máximo morar aqui, ostentar isso para quem ficou, e querem fazer parecer que são fãs de coisas esdrúxulas para nós, como hockey no gelo e outras chatices e babaquices canadenses (sim há muitas). Usam clichés e slogans norte-americanos como "esta é a terra que eu escolhi chamar de LAR" (isso mesmo, em maiúsculas) e ensaiam até mesmo um patriotismo paga-pau de gringo que me deixa perplexo. Sim, esta é a terra onde escolhemos viver, mas calma lá. Não precisa rasgar o peito e nem ser brega. Sem falar que seremos sempre estrangeiros, por mais que sejamos fãs histéricos de hockey. Engraçado: tem gente que despreza "coisas de povão" no Brasil, mas acha chique coisas de povão gringo. Falta de noção? Há também os provincianos (inclusive de capital) que trazem seus valorezinhos de "zelite" feudal, preconceitos, modelos de sucesso e ostentação pequeno-burgueses. E fazem de tudo para estar entre os "brancos" (que eles acham chatos) e se sentir o máximo por terem sido "aceitos" e conquistado a amizade de seres tão superiores e interessantes... Oh!
Tudo isso são coisas que a gente observa no dia-a-dia e nos faz pensar na "bestice" humana. E me deixa feliz pela minha capacidade em ver o lado bom e ruim das coisas sem me deslumbrar, ter senso crítico e não tentar ser o que não posso ser - supondo que eu quisesse. Bom-senso e sinceridade, e sem essa que se achar no dever de ser um "vencedor" e nem dar satisfação prá platéia. Não, não estou me auto-elogiando não, pois eu não faço nada além da obrigação. Como eu, infelizmente conheço pouquíssimos aqui. E só assim para ter amizades brasileiras...
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