sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Primeiros passos, ao achegar...

Chegar aqui como imigrante foi algo emocionante. Me sentí benvindo, como sempre, mas agora, como residente. O começo foi fácil, pq sou adaptável, tenho talento e gosto por viver em outras culturas e, por fim, eu já conhecia bem quase tudo por aqui.

Como novo residente, tive acesso a todo tipo de ajuda (não-financeira mas muito relevante), como assistência médica universal, cursos e workshops p/ ajudar imigrantes a se colocar profissionalmente e etc. Enfim, tudo a que um canadense tem direito. O único problema foi ter vindo durante a “grande recessão” que deixou muita gente desempregada, incluindo-se aí quase todos os novos imigrantes. Como sempre, o que é bom não é fácil, e por isso o remédio foi perseverar apesar da dificuldade, e aqui estou.
A seguir falarei sobre tantos outros aspectos pertinentes e interessantes, mas enquanto breve histórico e introdução ao blog, acho que já basta.

Roteiro do recém-chegado:

1) Passar na imigração, ao chegar ao país, receber as boas vindas por parte dos oficiais de imigração e esperar em casa pelo PR card (permanent resident). Para tal é necessário fornecer um endereço.
2) Arranjar onde morar (caso já não tenha). O aluguel é sempre caro (pelo menos em Vancouver) mas é relativamente fácil encontrar um bom lugar, dentre os vários tipos possíveis de moradia. Difícil é prever onde será o lugar ideal p/ quem ainda não sabe onde vai trabalhar/estudar. Mas é sempre assim, no mundo inteiro.
3) Tirar SIN Number (social insurance). Sem ele não se pode trabalhar, dentre outras coisas. Tira-se em 10 minutos, nos postos de atendimento do governo federal.
4) Abrir conta em banco – super rápido e fácil e, se possível, conseguir um cartão de crédito p/ já começar seu histórico de crédito no país. Isso eles não oferecem de cara, mas tem gente que consegue.
5) Tirar carta de motorista. Um processo simples, porém de mais difícil de se conseguir do que se imagina. Isto pq no Canadá as regras do trânsito são diferentes e, apesar de simples, nós que não estamos acostumados com elas cismamos de cometer muitos erros durante o exame de direção. A grande maioria dos imigrantes não passa na(s) 1a(s) tentativa(s) e custa caro ficar pagando auto escola para treinar. O ideal é ter algum amigo (com carro) que pratique com você antes do exame. Pode-se dirigir aqui durante 3 meses com a carteira do país de origem, e pode-se dirigir pelo tempo que se desejar com a permissão de estudante, desde que acompanhado por alguém habilitado. Para quem não passar nas 1as tentativas e não tiver muito dinheiro p/ arriscar ou p/ quem acha que não vai precisar da carteira, basta tirar uma cédula de identidade, p/ não ter que carregar passaporte ou PR card no bolso. O PR card é um documento de viagem, que deve ser mantido em segurança.
6) Cadastrar-se no sistema de saúde, que lhe dará direito a ter um médico de família (mesmo que você não tenha família), fazer consultas, exames, etc. O serviço é bom e quase gratuito. Apenas coisas não-necessárias são cobradas, além do atendimento dentário, que é caro, mas é coberto pelo plano dentário oferecido pela maioria das boas empresas, se você conseguir trabalhar p/ alguma delas.
7) Inscrever-se em algum programa governamental de auxílio a profissionais recém-chegados, que oferecem ajuda no reconhecimento de credenciais de outros países, treinamento, workshops onde se ensina sobre a cultura profissional e como se candidatar a empregos. Isto, caso você já não tenha um emprego em vista ou não arranje um logo ao chegar (coisa rara ultimamente).
8 ) Por fim, fazer tudo ao seu alcance p/ aprender e se integrar ao país, com verdadeiro entusiasmo e vontade. Abrir a mente e o coração para o novo país e cultura. A adaptação pode ser muito difícil e sofrida (ou impossível) p/ quem não tem um espírito curioso e ávido por diversidade e desafios. Tem gente que vem p/ cá já com saudades do Brasil, e esses sofrem. Não deveriam nem vir. Felizmente, para mim, a adaptação foi (e está sendo) benvinda, fácil e prazerosa.
Depois desses passos (e muito paciência), espera-se chegar à estabilidade e, a partir dela, alçar vôos mais altos, de acordo com os objetivos de cada, como entrar/avançar na carreira de escolha, voltar à universidade, abrir seu próprio negócio, etc.

Eis o tão buscado passaporte p/ uma nova vida, num país onde o cidadão é respeitado:


POR QUE O CANADÁ NOS QUER?

Esta é uma questão que gera dúvida em certas pessoas, e por isso vou responder aqui:

O Canadá tem uma população pequena (35 milhões) mas isso não é motivo p/ se abrir à imigração. A princípio não é problema se ter uma população pequena, ainda mais se ela tem um alto padrão de vida.

O motivo é que, em países com alto padrão de vida, as pessoas gostam de manter tal padrão, ter uma vida realmente boa e prazerosa. E nós sabemos que ter filhos é um trabalhão. Sendo assim, não apenas os canadenses, mas os povos de quase todos os países ricos do mundo (Europa é outro grande exemplo) estão deixando de ter filhos, tendo-os mais tarde ou tendo apenas um. Sendo assim, a população adulta vai envelhecer e não haverá jovens o suficiente p/ bancar os aposentados, que vão gerar um alto custo de manutenção p/ a previdência social, ainda mais por eles estarem vivendo cada vez mais e precisarem de cuidados médicos de qualidade.

É aí que entra a imigração: p/ compensar essa falta de crianças nascendo aqui. Povos pobres e atrasados como os brasileiros por exemplo, ainda muito ligados a religião, culpa, sofrimento, ditames sociais, machismo e reprodução desenfreada, estão servindo como exportadores de gente p/ cobrir o buraco populacional dos países ricos.

Daí, quando chegamos aqui, passamos a trabalhar e pagar impostos que vão ajudar a previdência, que já começa a sentir o baque do envelhecimento da população adulta, especialmente uma parte enorme dela (os baby-boomers) que são as pessoas que nasceram logo após a 2a Guerra Mundial, e hoje são um contingente enorme da população dos países ricos, e quase todos em fase de aposentadoria. Além disso, quando tivermos filhos aqui (me “inclua fora”, mas a grande maioria tem – subdesenvolvido não perde a mania) os filhos dos imigrantes vão crescer, trabalhar e tb serão contribuintes. É por isso que os países ricos “nos querem”. E é um troca justa. A gente vem aqui reforçar o sistema deles e em troca vivemos num lugar decente. (Set/2009)

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