quarta-feira, 20 de julho de 2011

A falta de humildade

Humildade é algo que sobressai enormemente quando comparamos a cultura brasileira e a norte-americana.
Enquanto na América Latina, católica, oligárquica e escravocrata, humildade é uma virtude tanto cristã quanto social, esperada de todos (menos das elites) aqui o negócio não é bem assim, pois todos são iguais perante a lei, têm os mesmos direitos e daí, não há porque ser humilde. E por que ser humilde perante os outros? Favor não confundir falta de humildade com grosseria ou arrogância, é claro. Podemos muito bem ser educadíssimos e respeitosos sem sermos humildes.

No Brasil é comum vermos pessoas, especialmente as mais pobres ou com outros problemas, adotando essa imagem de coitados e esperando a misericórdia alheia. Já aqui, ninguém é coitado - nem os pobres, nem os deficientes, nem quem perdeu algo importante. Todos fazem questão de manter a dignidade, e sentir pena deles é ofensa séria. Isso é muito bonito e muito positivo na prática, pois a ausência de coitados inibe o "corpo mole", a leniência, o "chororô" e a vagabundagem, além do pieguismo. Única exceção são pedintes, que se fazem de coitados, e por isso são cidadãos execrados. Mas mesmo dentre eles, muitos pedem sem apelação emocional; alguns usam até bom humor e cara de pau.
A falta do conceito de "coitado" é o que leva, por exemplo, jovens de classe média a se oferecer para cortar grama ou lavar carros, pois eles não temem ser considerados coitados, e por isso não há vergonha em se fazer trabalhos "humildes" quando ainda não se tem qualificação avançada (ou mesmo quando se tem, pois todo trabalho é digno). Isso tudo faz com que a sociedade seja menos fútil ou classista e viva menos de aparências.

A falta de humildade e de coitados, em última análise produz cidadãos e nações auto-determinadas, que se pautam pela lei, pela justiça, pelo trabalho e pelo mérito. Não pela misericórdia, pseudo-compaixão, pelo culto à pobreza e nem pelas justificativas vazias para o atraso e a inércia. Este é um dos pontos de choque cultural entre os dois mundos que fazem o de cá muito mais digno.

2 comentários:

delmo disse...

Aqui no Brasil todo mundo é coitadinho e tem desculpas para querer algo de graça, vejo isto programa do governo que fornece alguns medicamentos de graça, as pessoas mesmo qdo não podem pegar o remedio grátis (por falta de receita ou de algum documento) sempre dão alguma desculpa os pobres pq são pobres, os ricos pq são ricos e pagam muito imposto qdo compram carro importado (sério já ouvi isto) e os classe merda pq têm que pagar colégio dos filhos, plano de saude seguro do carro etc e tal, a questão é que todo mundo aqui se acha "injustiçado e coitado" e por isso "tem direito" a receber algo mesmo não cumprindo os requisitos estabelecidos.
Em relação a trabalhos braçais aqui no BRasil acho que um dos aspectos é que existe um contingente muiiiiiiiiiiiiiiito gde de pessoas com baixissima qualificação que topa fazer tal trabalho cobrando muito pouco, já ai no mundo civilizado acho que deve faltar gente sem qualificação disponível para tais ocupações

A. disse...

Pois é. No BR todo mundo é injustiçado e ninguém faz nada, além de querer tirar vantagens indevidas. Povo babaca.

Pior q os trabalhos braçais aqui tb são qualificados! Profissionais da construção, por exemplo, todos fazem faculdade (1 ou 2 anos de colégio técnico). O problema do BR realmente é excesso de mão de obra e cultura escravagista e oligárquica, onde não se respeita quem trabalha, mas apenas quem rouba ou ganha sem fazer força. Em paisinhos assim, há sempre essa coisa classista, de aparecer p/ a sociedade e ter vergonha de emprego não considerado "top". Aqui as pessoas querem q se dane o q pensam delas. Elas querem é viver bem sem dar satisfações, sejam executivos ou lixeiros. E todos têm dignidade.