sexta-feira, 13 de junho de 2014

Pudim sem furinho

Às vezes fica difícil a gente tocar em certos assuntos inter-culturais por falta de um "gancho" ilustrativo, porque são assuntos sutis e delicados, difíceis de serem explicados para quem nunca os experimentou pessoalmente. Especialmente quando tem a ver com um ponto complexo com o qual me importo muito: a sensualidade. Neste assunto, ir direto ao ponto pode soar deselegante, forçado, preconceituoso e até racista, em casos mais extremos. Mas hoje eu tenho um gancho bem bacana: o pudim.

Aprendi de um chef canadense que pudim não deve ter furinho algum (justamente o contrário do que eu considero um pudim). Também, não se deve usar leite condensado. Ou seja, é flan. Desde quando flan é pudim? Flan é sem graça, sem gosto, aguado. É bonitinho, elegante, regular, certinho, mas é chato, não tem gosto. Não dá vontade comer - e muito menos aquele "tesão" de comer. Por isso eu adoro pudim, mas odeio flan. Que graça tem você comer um "pudim" sem furinho, sem aquela consistência, textura e sabor do leite condensado e sem aquela calda grossa? Não é pudim; é flan - uma ou mais categorias abaixo. Mas o canadense adora, e chama isso de "pudim". Enfim, por mais que eu respeite e admire a cultura local, posso afirmar que eles não sabem o que é pudim, e jamais saberão.

Por isso, por mais que adore o Canadá, eu só como pudim em casa. Feito por quem sabe o que é um pudim, como fazê-lo e como degustá-lo, até se fartar - ao estilo latino. Pudim com gosto e sensação de pudim. Acho que já "dei bandeira" demais no sentido de eu não estar falando apenas de pudim... mas dei o recado hahaha!


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