"Dating"

Esta palavra, que traduzimos literalmente como "namorar", na verdade, tem um outro sentido aqui na América do Norte. Significa "ter encontros", geralmente com desconhecidos, pela primeira vez, no intuito de conhecer pessoas, e isso merece uma análise do nosso ponto de vista estrangeiro.

Para eles aqui é muito normal, natural e casual, mas para nós (pelo menos para mim) é algo muito estranho e causado por motivos que já entendi. Estranho por essa necessidade de ir buscar pessoas online (sim, nos sites de namoro) e depois ir conferir pessoalmente, sendo que existem tantas pessoas andando por aí. E muita gente solteira e bonita! Tal coisa se torna necessária pelo caráter anti-social das pessoas aqui, que nem olham para os lados, têm medo de contato visual, são antipáticas, assexuadas, "travadas" e nunca flertam! Qualquer olhar, palavra ou atitude sensual ou sexual pode se tornar ofensiva ou até mesmo criminosa - considerada grosseria ou mesmo assédio sexual! Parece exagero mas não é. No fim das contas, ficam todos prevenidos contra todos.

Agora vou falar especificamente sobre Vancouver, pois não morei em outras cidades: a culpa disso tudo é das mulheres. Os caras querem contato, mas não fazem porque já sabem da reação estúpida e "roceira" delas. E elas reclamam da falta de atitude dos caras, como se elas não tivessem culpa alguma! Mas isso, só numa certa idade, quando elas ficam desesperadas para casar e constituir família (desespero patético) e daí, como não sabem interagir com pessoas, têm que apelar para os tais sites, mas ainda com toda aquela objetividade "broxante" de quem está cumprindo uma missão urgente e não querendo se relacionar naturalmente com outro(s) ser(es) humano(s). Um lixo! Os caras participam pois, melhor isso do que nada, e eles também sentem necessidade de casar num certo momento.

Assim é a vida dessa gente aqui: vivem encapsulados em seus mundinhos, limitados a família e poucos amigos muito próximos com os quais se sentem "seguros". Eles saem um pouco e fazem algumas loucuras quando ainda são adolescentes, mas param logo com isso, para se tornarem uns "babacas" desinteressantes que apenas cuidam de carreira e do próprio ego. Depois, quando chega uma certa idade e "a hora do desespero", saem por aí caçando marido/esposa dessa forma igualmente sem graça, "mecânica" e irritantemente pragmática. E isso gera toda uma indústria de sites de namoros e outros serviços para gente que, em tese "não tem tempo" de conhecer pessoas naturalmente na vida real. Sei. E muitos casais casados se conhecem assim. Se são felizes? Isso não interessa, pois o que realmente importa é "fazer as coisas na hora certa". Inclusive casar. No mais, "felicidade" para eles tem outros significados e requisitos.

Me parece que, quando bem jovens, eles têm algum interesse em sexo, mas depois, só mesmo constituir família, para se incluir no padrão social (e cumprir sua obrigação de gente comum - como em qualquer outro país, mas sem os disfarces e enfeites que outros povos usam). E assim podem continuar encapsulados em um novo mundinho: agora sua própria célula familiar. Este insight aqui é apenas mais um aviso àqueles que idealizam até mesmo este aspecto quando sonham com nossa cidade maravilhosa, que é realmente maravilhosa. Mas, as pessoas... são um porre total! O leitor pode estar se perguntando então o que eu estou fazendo aqui, depois desta análise não muito positiva. A minha resposta pode soar pedante, mas é apenas sincera: gente comum não me interessa em lugar algum, e aqui pelo menos há beleza, bem-estar e civilização.