Enquanto no Brasil ainda se discute direitos homossexuais, aqui no Canadá isso já foi resolvido há tempos e a discussão já está muito mais avançada, já tratando de um outro assunto mais raro. Ontem a Suprema Corte aqui de BC julgou uma ação de legalidade de uma instituição (ou prática) que vem buscando ser conhecida - e com toda razão, ao meu ver - pela menos uma parte dela.
Digo uma parte porque ela apresenta dois aspectos distintos: um de poligamia, que é o casamento formal com mais de uma pessoa (sempre um homem e várias mulheres) que ocorre em algumas seitas religiosas fundamentalistas (fanáticas). Neste caso, há registros de abusos e uniões forçadas de adolescentes com homens muito mais velhos e etc, em nome da fé. Neste caso, ninguém é a favor (e nem eu, claro). A corte considerou o ato ilegal e passível de processo criminal. Decisão acertada.
No outro lado, temos os poliamoristas, que são gente não-religiosa que simplesmente tem relacionamento amoroso com mais de uma pessoa ao mesmo tempo (algo que eu apoio totalmente). No caso deles não há formato - pode ser um ou mais homens com uma ou mais mulheres, nem abuso ou violência alguma e assim, obviamente, não há o que considerar crime, pois são todos adultos, racionais e conscientes. Mas a corte julgou que mesmo eles não poderão se casar formalmente com mais de um parceiro - coisa que alguns deles gostariam de fazer. Por este direito eles ainda vão ter que esperar muito.
Para uma pessoa comum que está lendo isto, a ideia deve parecer absurda, mas eu digo que não há motivo para se limitar a amar apenas uma pessoa, e que se estão todos contentes e ninguém está sendo enganado, quanto mais, melhor. Isso mesmo. Quanto mais paradigmas arbitrários e ilógicos nós quebrarmos, mais felizes temos chances de ser. Ainda mais quando se trata de amor, não deveriam haver leis, nem regras e nem limites, como ainda há e como tanta gente ainda precisa ter, para sua própria opressão e infelicidade. Embora a facção casamenteira dos poliamoristas tenha ficado um pouco decepcionada com o veredicto (e eles vão apelar), para mim está muito bom, pois o amor plural foi reconhecido como algo normal e legal (ainda que não possa virar casamento) e para mim casamento é apenas mais um paradigma inútil e arbitrário, do qual o verdadeiro amor não necessita. Mas eu acredito que algum dia eles vão poder se casar também, se quiserem, do mesmo modo como os gays já podem. Basta esperar uns anos. E viva o amor. Danem-se as estruturas, os preconceitos, o moralismo, a hipocrisia e a escravidão ideológica que só nos oprime, limita e emburrece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário